O Rio São
Francisco nasce geograficamente no município de Medeiros-MG, mas sua nascente
histórica encontra-se na Serra da Canastra em Minas Gerais e, depois de passar
por Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, tem cerca de 2,7 mil km de extensão e
deságua no Oceano Atlântico entre Alagoas e Sergipe.
A transposição seria a solução para o grande problema que o país apresenta,
a grave seca no Nordeste, pois distribuiria água a 390 municípios dos estados beneficiados-
uma população de 12 milhões de nordestinos. A transposição está dividida em
dois eixos: norte e leste. O norte apresenta extensão de um percurso de
aproximadamente 400 km onde levará água para os sertões de Pernambuco, Paraíba,
Ceará e rio Grande do Norte, alimentando 4 rios, três sub-bacias do São
Francisco (Brígida, Terra Nova e Pajeú) e mais dois açudes: Entre Montes e
Chapéu. Já o eixo leste, terá em torno de 220 km apenas abastecendo parte do
sertão e as regiões do agreste de Pernambuco e da Paraíba, depois de passar nas
bacias do Pajeú, Moxotó e da região agreste de Pernambuco.
O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) relatou 44 impactos
ambientais previstos devido à obra. Destes 23 foram considerados os principais.
São eles:
Impactos Positivos:
1.
Aumento
da água disponível e diminuição da perda devido aos reservatórios.
2.
Geração
de cinco mil empregos durante a construção da obra (quatro anos), sobretudo nas
cidades onde serão implantados os canteiros de obras. Entretanto, ao término
das obras, não haverá um impacto significativo em termos de geração de
empregos.
3.
Aumento
a renda e o comércio das regiões atingidas. Durante a obra, haverá grande
incremento no comércio e renda nas cidades que abrigarão os canteiros de obra.
A longo prazo, a elevação do emprego e renda virão da agricultura irrigada e da
indústria que serão conseqüência da transposição.
4.
Abastecimento
de até 12,4 milhões de pessoas das cidades, através de sistemas de
abastecimento urbano já implantados, em implantação ou em planejamento pelas
autoridades locais.
5.
Abastecimento
rural com água de boa qualidade. O projeto prevê a construção de chafarizes
públicos em 400 localidades urbanas do sertão inseridas na região do projeto
que não possuem sistema de abastecimento adequado.
6.
Redução
de problemas trazidos pela seca, como a escassez de alimentos, baixa
produtividade no campo e desemprego rural. 340 mil pessoas seriam beneficiadas,
sobretudo na Bacia do Piranhas-Açu (39%) e na bacia do Jaguaribe (29%).
7.
Irrigação
de áreas abandonadas e criação de novas fronteiras agrícolas. Pode-se
viabilizar, de acordo os estudos realizados, aproximadamente, 161.500 hectares,
em 2025, sendo 24400 hectares para irrigação difusa ao longo dos canais e
137.100 hectares.para irrigação planejada.
8.
A
qualidade da água dos rios e açudes das regiões receptoras será beneficiada com
as águas do São Francisco.
9.
A
oferta de água irá ajudar a fixar cerca de 400 mil pessoas no campo.
10.
Redução
de doenças e óbitos gerados pelo consumo de água contaminada ou pela falta de
água. Estima-se que baixará em cerca de 14.000 o número de internações
provocadas por doenças de associação hídrica no ano de 2025 de uma previsão de
53 mil na ausência do projeto.
11.
Redução
da pressão na infra-estrutura de saúde devido à diminuição dos casos de das
doenças trazidas pelas águas impróprias.
Impactos
negativos:
1.
Perda
do emprego da população nas regiões desapropriadas e dos trabalhadores ao
término das obras.
2.
Modificação
nos ecossistemas dos rios da região receptora, alterando a população de plantas
e animais aquáticos. A criação de ambientes aquáticos distintos dos existentes,
a alteração dos volumes de água nos rios receptores promoverá uma seleção das
espécies. Peixes e outros organismos aquáticos são importantes na reconstrução
da história biogeográfica das bacias hidrográficas. A alteração dos
ecossistemas pode impactar no conhecimento da história da região.
3.
Risco
de redução da biodiversidade das comunidades biológicas aquáticas nativas nas
bacias receptoras. A seleção entre as espécies exóticas e nativas das regiões
receptoras pode impactar na redução de espécies nativas.
4.
Introdução
de tensões e riscos sociais durante a fase de obra. No início das obras,
prevê-se a perda de emprego e renda nas áreas rurais devido às desapropriações,
a remoção da população das regiões onde passarão os canais, imigração para as
cidades em busca de emprego nas obras. Ao término da obra, a dispensa de
trabalhadores podem ser focos de conflito.
5.
A
desapropriação das terras e o êxodo das regiões atingidas alterará o modo de
vida e os laços comunitários de parentesco e compadrio, que são muito
importantes para enfrentar as condições precárias de vida de muitas
comunidades.
6.
Circulação
de trabalhadores por terras indígenas de duas etnias: Truká e Pipirã,
gerando interferências indesejáveis.
7.
Pressão
na infra-estrutura urbana nas cidades que irão receber os trabalhadores,
aumentando a demanda por moradia e serviços de saúde. O aumento do nível dos
reservatórios pode provocar doenças relacionadas à água, como dengue e
esquistossomose. O contato com os operários das obras podem aumentar os casos
de doenças sexualmente transmissíveis.
8.
A
região do projeto possui muitos sítios arqueológicos,
colocando-os em risco de perda deste patrimônio devido às escavações, nas áreas
a serem inundadas pelos reservatórios e no curso dos rios cujo volume será
aumentado.
9.
Desmatamento
de 430 hectares de terra com flora nativa e possível desaparecimento do habitat de animais
terrestres habitantes destas regiões. As espécies da flora mais relevantes são
Caatinga Arbórea e a Caatinga Arbustiva Densa.
10.
Introdução
de espécies de peixe prejudiciais ao homem na região, como piranhas e pirambelas,
que se alimentam de outros peixes e se reproduzem em água parada.
11.
A
diminuição dos volumes dos açudes provocará a redução biodiversidade de peixes.
12.
Alguns
rios não têm capacidade para receber o volume de água projetado, inundando os
riachos paralelos.
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